Ka: avaliação de design "Profissional da área avalia a novidade da Ford"

O novo Ka chegou com uma responsabilidade grande: substituir o anterior, ganhador de prêmios de design e um estilo original. O desafio ficou ainda maior por manter as portas e pára-brisas do modelo anterior, feito sobre a plataforma do Fiesta Street. Não era uma tarefa fácil mas, considerando as limitações, o resultado ficou bom e um pouco mais conservador. Há uma série de erros e acertos que veremos abaixo. A opinião é do designer e colaborador do AutoDiário, Mário Valiati.

Frente
“A frente talvez seja a parte mais conservadora, ganhou faróis maiores e uma grade com duas lâminas. Houve intenção de se fazer uma bossa nas lâminas com a inclusão de um rebaixo na área central de cada uma mas, como esse detalhe foi muito discreto, não surtiu o efeito desejado, quebrando um pouco a fluidez das linhas. Uma regra de desenho é que quando se deseja fazer um detalhe diferente este deve ficar bem definido e evidente, senão provoca a impressão de erro. Aliás, a combinação das laminas da grade com as lâminas da parte inferior do pára-choque e quantidade de cavidades causa certa poluição do visual frontal. Um exemplo disto foi o Fox quando foi lançado. Na versão recente a VW inteligentemente pintou as lâminas da grade e a metade inferior do pára-choque de preto, "limpando" a frente e dando um visual mais agradável. Neste ponto o Ka sofreu um retrocesso.”

Lateral
“Na lateral, o arco em relevo que contorna as abas dos pára-lamas compensa visualmente o pequeno tamanho das rodas, inteligentemente preenchendo a área de chapa aparente. É um macete muito bom, nem sempre aplicado em outros carros na mesma condição. O friso da lateral é demasiadamente fino e retilíneo, destoando um pouco do desenho geral. O ideal seria um friso mais largo e com um desenho pouco mais elaborado.
Interessante e bem resolvida a solução da janela traseira, que harmonicamente dá segmento às linhas da abertura da tampa traseira e da caída do teto. Já o friso que acompanha a linha superior das lanternas traseiras termina na metade da lateral traseira e se aproxima muito do vinco da linha de cintura. É uma solução visualmente estranha, a impressão é que não se soube exatamente o que fazer com o vinco, embora tenha sido a solução para justificar o desenho da lanterna.”

Traseira
“Enfim, a traseira. Existe uma grande quantidade de detalhes para serem observados. Nota-se que houve preocupação em criar algo diferente. Do vidro até o limite da lanterna da placa parece tudo bem desenhado, o problema é que a tampa traseira não acompanha o relevo que contorna a lateral e avança até as lanternas, interrompendo o fluxo visual de linhas. A massa visual abaixo das lanternas é bem desenhada, com um belo friso acompanhado a parte inferior delas, mas a tampa do porta-malas é mais recuada desta linha para baixo e o friso não tem segmento. Evidente que tal solução é para evitar que em pequenas encostadas do pára-choque a tampa e seu mecanismo de abertura se danifiquem, como já ocorreu com a Palio Weekend G2, mas a solução estética ficou pobre. Olhando de trás a abertura da tampa avançando até a metade do pára-choque quebra as linhas e incomoda bastante visualmente.”

Interior
“No interior, as portas do modelo antigo continuam com um desenho original e bonito, embora a chapa aparente na cor da carroceria incomode um pouco e quebre o clima aconchegante do interior.
O painel está imponente e bem desenhado embora, novamente, perca para o anterior em criatividade. A linha reta na parte central do volante não combina com o resto do seu desenho. Aí, novamente, houve intenção de seguir o estilo retilíneo do painel mas de forma acanhada. Já que houve mudança do seu molde, a modificação poderia ser mais extensa e marcante.”

Veredicto
“Enfim, projetar um carro com peças antigas é sempre um grande limitador, mas o novo carro, tirando os deslizes de estética, tem tudo para agradar a fatia jovem do mercado.”


_{Agradecimento: Mario S. Valiati}

Fonte: http://autodiario.com.br/?sc=11&m=1674