Lista dos mais baratos do mundo não tem carro brasileiro.

Texto: Joel Leite
24-09-08

A revista Forbes divulgou uma lista dos carros mais baratos do mundo e a primeira coisa que os porta-vozes da indústria disseram foi que o Brasil, claro, estava fora, porque aqui o carro é muito caro por causa dos impostos, que são “os mais altos do mundo”.

Os fabricantes de veículos – e seus porta-vozes na imprensa - não perdem oportunidade para criticar os altos impostos aplicados sobre veículos no Brasil. E – pior – chutam alto o percentual de imposto incidente no carro brasileiro.

O presidente de uma montadora disse no início deste mês que o imposto do carro é “35%”. Não é verdade: só paga essa faixa de percentual carro luxuoso e potente, com motor acima de 2000cc. O carro pequeno, que é a maioria das vendas, tem IPI de 7% e carga total de 27,1%. É um imposto altíssimo, não há dúvida, mas pago somente pela elite social: ora, menos de 2% da população brasileira tem acesso ao carro zero!

A indústria compara o Brasil com Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, onde realmente os impostos são muito mais baixos, mas esses são países de primeiro mundo, onde todas as necessidades sociais estão resolvidas, onde todos têm hospitais e escolas, e boas estradas para rodar com o carro com segurança.

Mas os fabricantes não revelam qual a margem de lucro que praticam no Brasil. Por isso, fica, no mínimo, uma grande dúvida sobre os motivos de o carro brasileiro custar caro.

No mesmo período em que eles aumentaram os preços em mais de 100%, os impostos de mantiveram estáveis. O IPI do carro popular caiu de 10% para 7% e o imposto total se manteve na faixa dos 27%.

Com a chegada do motor flex o imposto dos carros com motor entre 1000 a 2000cc ficou mais barato. Em 2001 o imposto sobre o modelo a gasolina era 33%. Hoje o carro flex paga 29%. O imposto dos carros na faixa entre 10001cc e 2000cc também ficou mais barato nos últimos sete anos, mesmo período em quem o preço médio do carro subiu 100%: em 2001 o imposto para carro a gasolina era 33,3%; hoje é 30,4%. O modelo álcool pagava 30,8% em 2001 e hoje o flex recolhe 29,2%.

O imposto ainda é muito alto; mas é menor hoje do que há sete anos, período em que o carro subiu até 120%.