Ka: a boa surpresa da Ford "Modelo chega para sacudir o mercado de pequenos"

Era uma vez um patinho feio. Sub-compacto, foi um dos primeiros carros do mercado do mercado nacional a focar no consumidor urbano. A proposta era ser o carro dos novos casais e jovens solteiros. Nunca faltaram atributos a ele, mas o fato é que as vendas nunca deslancharam: o Ka, desde o lançamento, sempre amargurou as últimas posições de venda dentre os carros da sua faixa de preço.

E muitos foram os motivos. Dentre os principais, o antigo Ka só tinha espaço para quatro passageiros, porta-malas menor que o da concorrência, design “ame-o ou deixe-o” e não tinha uma versão quatro portas.

Mas a Ford se mostrou disposta a mudar isso: resolveu remar junto com a maré. Agora o Ka, além das já conhecidas qualidades, agregou todos os atributos que os concorrentes possuem. O conjunto agrada, como poderá ser conferido na avaliação do AutoDiário.

Design
Neste aspecto, o carro sempre se destacou: era belíssimo - em nossa opinião, porém horroroso para muitos. E a nova geração ficou no meio termo. É impossível não gostar de alguns dos novos traços, mas também é inegável que outros deles poderiam ter sido melhor trabalhados.

É o caso da traseira do modelo: há um enorme degrau que destoa do conjunto do carro, fazendo com que perca a esportividade. Ao menos é útil para carregar e descarregar o carro.

Mesmo que não nos agrade tanto quanto deveria, fica claro que ele é, hoje, o número 1 da categoria em que reinam os já cansados Palio Fire (cujo desenho já está no mercado desde 2003), Gol City (2006), Chevrolet Celta (2006).

Interior e conveniência
O interior do modelo, inicialmente revolucionário, agora evoluiu. Há novo painel, com desenho ainda moderno, mesmo que um tanto retilíneo, novos revestimentos das portas e novos bancos. A qualidade sensível ao tato é similar à dos concorrentes e a impressão visual agrada. Ponto para a Ford.

A propósito, quando dizemos “similar aos concorrentes”, queremos indicar que o carro tem a mesma simplicidade do Chevrolet Celta e Fiat Palio Fire. Os plásticos e tecidos são simples, contam com rebarbas e há uma grande porção de chapa visível no interior. O efeito visual é bom, mas os problemas começam quando vêm os primeiros riscos, que exigem funilaria para serem reparados.

O grande destaque do pequeno é que, desta vez, o Ka agora tem capacidade para cinco passageiros. Não só comporta cinco passageiros, mas como agora comporta bem os do banco traseiro: um ocupante com mais de 1,75m terá conforto no pequeno e não mais raspará a cabeça no teto, como acontecia no anterior. O ponto negativo é que o quinto elemento conta apenas com o cinto sub-abdominal. Encosto de cabeça também não está presente para este quinto passageiro. Ao menos os outros dois ocupantes do banco de trás ganharam o equipamento, que não existia nem como opcional na linha anterior.

O painel de instrumentos é novo, porém é incompleto: na versão de entrada não há conta-giros. A falha se repete em concorrentes como Palio Fire, sendo considerada grave pelo AutoDiário. Exatamente pela baixa cilindrada do modelo é que se justifica a adoção do conta-giros - para que o pouco torque disponível possa ser completamente aproveitado. Caso queira o tacômetro o consumidor terá de adquiri-lo como opcional.

Desempenho e comportamento
O desempenho do motor 1.0 de 73cv agrada e dá agilidade suficiente para um compacto urbano. Porém é necessário ficar atento ao seu uso: é ideal para cidades planas. O motor 1.0 também parece não casar com o ar-condicionado, crítica que nem sempre é feita a todos 1.0, como pode parecer. Fique com a versão 1.6, se for um pouco mais exigente em relação ao desempenho.

Um grande destaque do Ka, desde seu lançamento, permanece na nova geração: é o comportamento dinâmico. Este, sempre foi auxiliado pelo bom entre-eixos do modelo, que durante um bom tempo foi o maior dentre os concorrentes, e pelo acerto da suspensão do modelo, que não privilegia o conforto. Agora está um pouco mais duro que o antigo, mas o resultado ainda é bom.

A Ford anuncia velocidade máxima de 160km/h e aceleração de 0 a 100km/h em 15,5s, quando abastecido com álcool. Os números são bons e o desempenho parece muito similar com o do antigo. A Ford não divulga dados de consumo, mas não deverá decepcionar se seguir as marcas do antigo.

Equipamentos
Ainda que o desempenho seja bom, é melhor não se empolgar muito: os freios ABS não estão disponíveis - nem como opcional. Ao menos o airbag pode ser adquirido em alguns dos pacotes opcionais.

Deixando isso de lado, não há críticas a serem feitas. Muito pelo contrário: a Ford fez questão de colocar, desta vez, mais equipamentos que o os concorrentes, destacando-se, dentre eles, as travas elétricas, o alarme com acionamento por ultra-som e o aviso indicando as revisões periódicas, que tradicionalmente sempre equiparam carros mais caros e nunca foram vistos no pacote básico de um carro pequeno. Tudo isso por um preço justo: a partir de R$ 25.490,00. Completo o Ka 1.0 vai a R$ 31.990,00.

As versões são divididas em pacotes, divididos em sete: Fly (aquecedor, terceira luz de freio, lavador/limpador e desembaçador traseiros,preparação para áudio), Class (ar-condicionado, direção assistida e controle elétrico dos vidros), Pulse (os itens do Fly mais tecido especial, conta-giros, cintos traseiros retráteis, detalhes externos na cor da carroceria), Somma (ar-condicionado), Prestige (Fly mais direção assistida) e Neo (Fly mais vidros elétricos). As rodas de liga leve podem ser compradas juntamente ao Kit Class e Kit Pulse. Outros itens, como rádio/toca-CDs com MP3 e faróis de neblina, serão vendidos nas concessionárias.


Mercado
A aceitação do novo modelo tem sido excepcional, o que tem levado a Ford a divulgar filas de espera de até 120 dias. Esta forte demanda índica que o modelo deverá seguir com um mercado de usados sempre aquecido, como já acontecia com o anterior.

Veredicto
O conjunto, para a faixa de preço que está inserido, agrada muito. Além do preço, o compacto conta com consumo adequado e valores baixos de seguro, fatores ideais para os que fazem uma compra racional. Para quem compra por emoção, também não faltam argumentos: o design atualizado e o comportamento dinâmico acima da média já são suficientes para que o Ka também convença.

_{Texto: Guilherme Lopes
Fonte: http://autodiario.com.br/?sc=12&m=1673}